Gênero e Diversidade:
Força e persuasão – contrapondo ou aliando gêneros.
Edvandro L. S. de Souza (Ed)
Justificativa:
Força e persuasão: duas formas de conquistar poder. A primeira sempre esteve ligada à figura masculina, a segunda à feminilidade. Eva, entre os judaico-cristãos, Pandora entre os gregos. Ambas vieram a terra e trouxeram desgraças à raça humana, após convencer os “fortes homens” a desobedecer uma autoridade da qual eles sequer faziam idéia de quem era. E os pobres homens, durante milênios, tiveram que lutar, “sozinhos”, para manter a sociedade em pé. O castigo deles foi trabalhar (usar a força), o delas foi educar (usar a persuasão).
Os gregos e os romanos começaram a ensinar aos seus as artes da persuasão, mas a educação para a força ainda era mais importante. Fazer o inimigo sucumbir pelo poder militar, no final das contas, era o grande objetivo. Como prova disso, vemos Esparta (a cidade-estado que privilegiava o ensino da força) vencer Atenas (a que, de certa forma, criou a forma que ensinamos a persuasão até hoje, no Ocidente). A Idade Média carregou, nos porões da Igreja Católica, uma intensa luta entre essas duas forças. Quando veio a Reforma Protestante, em que a Educação começou a ter o caráter público que conhecemos atualmente, as pessoas começaram a perceber que persuadir poderia ser um remédio para milênios de barbárie.
Como o poder de persuadir, poderíamos dizer, é bem mais democrático que o poder da força, vários segmentos anteriormente enfraquecidos da sociedade começaram, paulatinamente, a “encontrar brechas” para lutar por seus direitos. Quase três séculos após a Reforma, na Revolução Francesa, vemos o primeiro movimento histórico em que as mulheres participam ativamente e com liberdade. Esse movimento jamais seria invertido. O século XX consolidaria a consciência, na mulher e na sociedade em geral, da necessidade de uma relação mais igualitária entre os gêneros e, por conseqüência, entre as etnias e toda uma gama de diversidades, as quais encontram, no momento atual, sua maior “força de persuasão”.
Problematização:
Nesta oficina, procuraremos problematizar sobre como essas duas formas de conquista do poder lutam, ou se aliam, na atualidade. Como conceitos anteriormente ligados à masculinidade ou à feminilidade se entrelaçam? O que o próprio movimento histórico tem auxiliado para que superemos conceitos e atitudes que antes eram exclusivos a um gênero ou outro? Como nossas noções de masculino e feminino tem se aproximado? Como essa aproximação tem aberto brechas para que compreendamos manifestações diferenciadas nas sexualidades? E como esse movimento nos faz compreender e alterar atitudes referentes a questões que vão além das sexualidades?
Descrição metodológica:
1) Contextualização histórica sobre as relações força-persuasão, masculino-feminino, das sociedades matriarcais pagãs à Revolução Francesa;
2) Apresentação de trecho do filme “Nós que aqui estamos por vós esperamos”, sobre a questão das mulheres no século XX;
3) Análise dos acontecimentos apresentados no filme sobre o Movimento Feminista pós-Segunda Guerra (incluindo a importância do Movimento Lésbico presente neste);
4) Apresentação do filme “Acorda, Raimundo, acorda!”, discussão sobre a inversão ou a divisão de papéis proposta pelo Movimento Feminista;
5) Problematização do desdobramento do Movimento Feminista nos tempos atuais;
6) Entrelaçamento histórico entre o Movimento Feminista, o Movimento Negro e o Movimento Gay nas décadas de 1950 – 1980: marcos, pessoas importantes. Sobre como o poder da persuasão foi importante na compreensão das diversidades (sexuais, étnicas, culturais etc);
7) Apresentação dos vídeos “Só por amar diferente” e “Por outros olhos”;
8) Apresentação das Fundamentações Legais (leis) relacionadas à Diversidade Sexual, dentro ou fora da escola.